Migração para o Brasil – do Jornal do Commércio.
O jornal O Commércio do Espírito Santo publicou uma matéria sobre a imigração para o Brasil em 29 de abril de 1896.
"O triste espetáculo da imigração polaca e galiciana (Áustria) continua.
Há pouco tempo, noticiamos que o armador Gavotti enviou, por conta da Companhia Metropolitana, grande número desses imigrantes, os quais deram enorme trabalho às autoridades de Gênova.
Ultimamente, em 12 de março, a saída do vapor Las Palmas do porto de Gênova foi demorada por causa das exigências dos colonos galicianos, os quais, aceitando inicialmente o embarque para o Espírito Santo, recusaram à última hora partir, alegando o desejo de ir para o Paraná, onde têm parentes e amigos já estabelecidos.
As autoridades italianas intervieram, e a Companhia La Veloce provou que os imigrantes vieram por vontade própria, mas que se obrigavam a retê-los no caso de o governo assim determinar.
Foi difícil encontrar quem pudesse se entender com aquela gente; só um pastor polaco conseguiu explicar aos colonos a sorte que os esperava. Houve então barulho, choro e verdadeira confusão no porto de Gênova. Os imigrantes não quiseram voltar para a Áustria e declararam que seguiriam para o Espírito Santo, visto que não queriam mais sofrer, em sua terra, as misérias que os afligiam.
Só muitas horas depois o vapor pôde partir. Acredita-se, com fundamento, que esses imigrantes não desembarcarão no Espírito Santo e farão barulho até serem encaminhados ao ponto desejado, que é o Paraná. Esse pensamento foi manifestado em Gorizia e, quando as respectivas autoridades decidiram enviá-los de volta à Galícia, mulheres chegaram a lançar-se com seus filhinhos diante da locomotiva já em movimento, preferindo morrer a regressar à pátria.
As expedições para Minas Gerais continuam a ser feitas com possível regularidade, e a fiscalização é conduzida com todo o zelo. O governo do Estado tem cogitado de todos os meios para resolver a magna questão do povoamento do seu rico e imenso território, e essas providências têm atuado satisfatoriamente nos ânimos dos que desejam imigrar, assim como nos que executam, em Gênova, o encargo de obter bons colonos.
Na Itália, têm aparecido telegramas denunciando o péssimo estado da saúde pública no Brasil, especialmente no Rio de Janeiro, causado pela febre amarela.
Em 28 de março, o Corriere di Napoli publicou o seguinte telegrama:
“Roma, 27 – Il ministro italiano a Rio de Janeiro ha informato il Ministero degli Esteri che al Brasile la febbre gialla mena strage e che ne sono colpiti specialmente gli emigranti.
Il Ministero quindi, per mezzo dei prefetti, farà pubblicare questa notizia, invitando i nostri immigranti a non dirigersi al Brasile, dove si troverebbero in condizioni tristissime.”
A notícia foi dada em termos genéricos, e a superintendência de Minas Gerais foi logo posta de sobreaviso, para informar prontamente como são tratados e como vivem os imigrantes naquele Estado.
Os jornais da Itália continuam a publicar cenas desesperadoras da miséria que lavra por toda a região italiana. Diz Il Secolo, de Milão, que de Brescello (baixa Lombardia) saíram muitos agricultores para Parma e, dali, para Gênova, onde embarcaram. A falta absoluta de trabalho obrigou-os a abandonar o país."
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